sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Johnny Cascavel-The endless watch

Não gosto de cavalos domesticados. Não sei porque mas sempre achei os cavalos domesticados uma aberração.Os olhos mortiços, presos à vontade indomável do Homem. Já assistiu cavalos selvagens correndo? São uma força da natureza , e se o Homem com toda sua arrogância quiser pará-los, não consegue .Uma onda de pura energia.

Por isso não tenho um cavalo. Quando a oportunidade aparece, tento pegar um selvagem para fazer um serviço, como agora. Vejo a poeira de duas dúzias deles alastrar-se no horizonte. Mancham o céu de marrom , um céu azul.

Preparo o laço. Não tarda chegam correndo. Vem pelo Rio que os Unami chamam "Raio azul" da bacia no vale Rustú. Estou mais no alto, no meio de um pequeno bosque e param abaixo de mim bebendo água ,atentos. Dividem a atenção uns com os outros para que todos possam beber água em paz. Escolho uma égua toda negra. É forte e vai servir para o que pretendo fazer.

Faço um semicírculo descendo, me afastando e chego em uma pequena queda dágua. Ainda não me cheiraram por milagre... me aproximo devagar, cautelosamente , mas não me escondo, pois se quisessem já teriam ido.

Me encaram, todos eles .Observo o ALFA. É alvo como a espuma do rio e tem a crina de um azul tão leve , tão sutil que só de muito perto podemos percebe-la. Olhos azuis me encaram com uma força incomum até mesmo para um cavalo selvagem. Relincha alto.
Posso sentir a força primeva do bando, a concentração de energia que fazem aqueles músculos potentes trabalharem. Nunca tive uma sensação tão forte de união.

"Não são desse mundo" concluo.

Tento me aproximar mas depois de um segundo saem em disparada e desaparecem se fundindo um a um com as águas . São Entes , Protetores do Rio , tomam conta para que o homem branco não conspurque mais um lugar sagrado.

Pego uma pedra no leito , ela é azulada.

"Raio azul" digo baixinho, pensando nos Unami.

FM

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